Editorial
Uma porta que precisa ser fechada
Um tempo atrás uma postagem na rede social Reddit estimulava estudantes que vivenciaram situações de massacres em escolas dessem seu relato de como foi o ocorrido. Dentre os incontáveis comentários, um destacou-se: um perspicaz usuário notou que todas as explanações eram feitas por usuários estadunidenses. É, de fato, uma situação que por muito tempo parecia restrita àquele país. Porém, também uma porta que começou a abrir no Brasil.
Com o ataque a faca que resultou na morte de uma professora em São Paulo na segunda-feira, o tema voltou à discussão. Dados levantados pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) apontam 23 atentados a escolas brasileiras desde 2002. Alguns com armas de fogo, outros com arma branca. É muita coisa.
Se São Paulo ainda soa distante, em Rio Grande foram pelo menos duas ameaças nas últimas semanas, a última na terça-feira, quando pais e familiares entraram em pânico após postagens indicando ataque a uma instituição de ensino e fazendo referências a outro massacre brasileiro, o ocorrido em Suzano, em 2019, e que ceifou dez vidas _ incluindo os dois atiradores _, deixando também dez feridos. Um dos maiores de nossa história. Felizmente, não se consumou. Mas é mais uma prova de que é uma realidade muito próxima e que requer atenção. O tema, inclusive, já é motivo de debates (veja mais na matéria da página XX)
A maioria dos casos traz perfis similares de autores. Mas estereotipar nunca é o caminho. Sabe-se que estas situações costumam ter inspirações em ocorrências anteriores. Rio Grande, independente se fosse apenas uma bobice sem noção ou uma ideia concreta, ameaçou imitar Suzano, que era, por sua vez, era uma imitação de um no Colorado, Estados Unidos, em 1999. A partir disso, abre-se mil portas de debates.
São muitas linhas de ação a serem discutidas, com urgência, passando pela eterna discussão armamentista e até o papel da imprensa ao noticiar as ocorrências, já que as replicações realmente parecem fazer parte da equação. O que não cabe é a demora, já que nos Estados Unidos a discussão parece eterna, entrando e saindo presidente, legislaturas e nenhuma solução prática sendo apresentada. Medidas inacreditáveis, volta e meia noticiadas, como escolas com quadro-negro blindado, crianças tendo treinamentos de como reagir a essa situação e até sugestões de professores trabalhando armados para tentar neutralizar possíveis ataques são uma vitória da barbárie. Precisamos correr, rápido, para que essa porta não seja aberta aqui também.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário